O Verdadeiro Custo do Seu Carro

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O Carro: Um Ativo ou um Passivo?

Quer entender como a compra de um automóvel impacta sua vida financeira?

Pense numa caixa d’água.

Isso mesmo. Uma foto da caixa d’água nos dá uma noção do nível da água. Esse é nosso patrimônio líquido.

O patrimônio líquido é basicamente formado pelos ativos subtraídos dos passivos contratados por você.

Agora, esqueça a foto e pense no filme. O filme mostra o fluxo de água que entra e sai dessa caixa.

Quando há capacidade de poupança, entra água nessa caixa e seu nível (patrimônio líquido) sobe.

Quando há deficit no fluxo de caixa mensal, há endividamento (que vai atrapalhar ainda mais esse fluxo de caixa) ou é necessário se desfazer de ativos. Ou seja, ou você aumentou seu passivo ou diminuiu seus ativos. Em ambos casos, houve redução de patrimônio líquido.

Assim, pense bem sobre como você destina cada real que recebe pelo seu trabalho e esforço.

Contabilmente, tudo que nós “temos” são ativos. Tudo pelo que nós “devemos”, são passivos.

No entanto, você já percebeu que a sua caixa d’água esvazia - ou se patrimônio líquido - diminui - não apenas com o aumento dos seus passivos contábeis, mas também conforme o valor dos seus ativos caem.

Sendo assim, devemos ter o cuidado para perceber como os bens que compramos - por mais que contabilmente sejam um ativo nosso - impactam na formação do nosso fluxo de caixa e na variação do nosso patrimônio líquido.

É aí que os carros chamam tanta atenção como uma aquisição delicada, quiçá perigosa.

Vou te explicar melhor como o valor do carro como ativo se comporta ao longo do tempo e como ele impacta o seu fluxo de caixa no mês a mês e patrimônio líquido.

Valor do Bem e Patrimônio Líquido

Um dos aspectos mais impactantes na compra de um carro é a depreciação.

Com raras exceções e ao contrário dos imóveis, que podem valorizar ao longo dos anos, carros começam a perder valor assim que saem da concessionária. A depreciação do veículo pode ser rápida e significativa, especialmente nos primeiros anos.

Digo que há excepções pois em momentos como o que tivemos durante a pandemia, com uma restrição na oferta global de semicondutores, os preços dos carros aumentaram. No entanto, o cenário comum é bem diferente disso.

Imagine a seguinte situação: você compra um carro zero quilômetro por R$ 200 mil. No primeiro ano, esse carro já pode perder, em média, de 10% a 20% do seu valor original. Ou seja, após 12 meses, aquele veículo que você pagou R$ 200 mil pode valer algo em torno de R$ 160 mil a R$ 180 mil.

Esse processo de desvalorização continua pelos próximos anos, e após cinco anos, o carro pode valer cerca de 50% do preço original, ou até menos, dependendo do modelo e estado de conservação.

E essa queda é apenas uma parte do cálculo, pois não leva em conta o custo de oportunidade.

Reflita: se, ao invés de “investir” R$ 200 mil em um carro, você tivesse colocado esse dinheiro em uma carteira de investimentos diversificada, que rendesse, em média, 10% líquida ao ano? Após cinco anos, você teria mais de R$ 320 mil, considerando os juros compostos.

Olha só: estou sendo conservador na premissa de rentabilidade. Para prazos de 5 anos, é possível achar títulos rodando perto de 13% a.a. bruto neste momento, o que daria mais de 11% líquido ao ano.